"Santos possui dois problemas. O primeiro é o dos mendigos que são uma verdadeira maldição, o segundo é o trânsito, que está cada vez mais caótico. O meu projeto eliminará esses dois problemas de uma vez só"
Esse foi um trecho da declaração do candidato a vereador Carlos Adegas (PSD), que pretende transformar os antigos túneis subterraneos de Santos em uma linha metroviaria. Uma reforma polêmica, pois desabrigaria mais de 500 pessoas que vivem atualmente no local que é conhecido como "Pátio dos Milagres".
O Pátio dos Milagres
O conjunto de túneis espalhados entre os canais da cidade possuem mais de 9.700 metros de extensão e abriga cerca de 570 pessoas, em sua maioria indigentes, prostitutas, hippies e ciganos.
A equipe investigativa do Jornal Santista descobriu que o pátio funciona como uma verdadeira cidade autônoma, que possuí inclusive moeda própria e uma especie de presidente.
Entrevistamos um morador de rua que aceitou falar um pouco sobre o local com a condição de ter sua identidade preservada e de receber o nome ficticio de "Zé Pilintra".
JS - Primeiramente, por que os túneis são chamados de "Pátio dos Milagres"?
Zé Pilintra - O Pátio dos Milagres tem esse nome porque ele faz milagres. O cara cego que de dia pede dinheiro no onibus quando chega no pátio, enxerga. O vagabundo aleijado que te pede um real porque tá com fome, quando chega no Pátio dos Milagres "milagrosamente" consegue andar e já nem tem mais fome. O que ele quer é fumar a pedrinha dele (referência ao crack).
JS - É verdade que vocês tem uma moeda própria e até um presidente no Pátio dos Milagres?
JS - Porque vocês não permitem a entrada da nossa equipe no Pátio dos Milagres?
Zé Pilintra - Claro que podem entrar lá, eu até levo vocês. Mas vai ser um verdadeiro milagre pra vocês sairem desse pátio sem ser carregados num caixão!
JS- O que vocês acham dessa ideia do vereador Carlos Adegas?
Zé Pilintra- Eu acho que esse cara tá se elevando muito e uma hora vai acabar quebrando a asa.
JS- É verdade que a entrada para o Pátio dos Milagres fica em uma das tumbas do Cemitério do Paquetá?
Zé Pilintra- Não sei do que você tá falando. Essa entrevista acaba aqui.
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